Nos dias atuais, dificilmente um engenheiro – seja qual for a especialidade – não ouviu uma máxima igual ou parecida com esta: “Qual o valor pra você pode “só assinar isso aqui”?”.
Sempre que ouço algo assim, lembro-me do meu primeiro dia de aula na faculdade, onde o então coordenador de curso contou uma anedota.
“Vocês sabem a diferença entre o médico e o engenheiro?”. Naquela altura, por vergonha ou medo, ninguém se atreveu a responder.
Uma pequena lição.
Ele continuou: “Explico. O médico está trabalhando, fazendo uma cirurgia, por exemplo. O paciente por algum motivo, morre. Ele olha no relógio, anota a hora da morte. Termina o procedimento e vai pra casa. Vida que segue.”
Ele continuou: “Um engenheiro por sua vez, faz determinado projeto. Por obra do destino, erra a posição de uma vírgula. Projeto aprovado. Obra concluída. Meses depois uma catástrofe leva a vida de mais de uma centena de pessoas. O engenheiro acompanha a obra que projetou ruir, levando muitos a óbito.”
Após uma pequena pausa, a pergunta: “Depois disso, engenheiro vai pra casa, igual ao médico, vida que segue, certo?”.
Mais uma pausa. “A resposta é não. Ele vai pra igreja rezar. Um erro pode causar um prejuízo muito maior que o financeiro.”
Uma lição que levo comigo até hoje.
O perigo da irresponsabilidade
A “canetada” é algo quase que cultural em nosso país, mas devemos entender que estamos passando por um período de transição: de tecnologias e de pensamento. ´
Com relação as tecnologias, precisamos reforçar que a evolução e popularização de equipamentos elétricos tem gerado instalações sobrecarregadas, que por sua vez, tendem a ser inseguras, podendo acarretar prejuízos humanos e materiais.
Já no campo do pensamento, enquanto profissionais, devemos cada vez mais nos preocupar com a segurança.
Não existe canetada que pague a responsabilidade. O dinheiro é sim necessário para nosso sustento e o de nossa família, e o devemos ganhar. Entretanto, isso não deve custar o risco da vida de outrem.
Cabe a nós, mudar este estigma da insegurança e irresponsabilidade.
Afinal, qual o valor de uma ART?
O preço é tabelado pelos CREAs. Geralmente algo em torno de 90 reais – mas isso pode variar de acordo com o valor do contrato.
Porém, para saber o valor, vale lembrar o que significa: Anotação de Responsabilidade Técnica.
Somos responsáveis pelo que acontece. E não há responsabilidade mais bela que a de garantir a segurança daqueles que confiam em nós para dizermos se é seguro, fiável e viável. Ou não.